domingo, 9 de outubro de 2011

A vitória prevista

Antunes Ferreira
Se ainda houvesse dúvidas, elas desvaneceram-se: o masoquismo existe e a gratidão também. A maioria dos madeirenses deu, de novo, o poder ao Dr. Alberto João Jardim. Com a menor percentagem de votos desde que subiu à presidência da hoje Região Autónoma em 17 de Março de 1978, mas com 25 dos 47 deputados do Parlamento Regional.

Na conferência de Imprensa, sem direito a perguntas, que deu depois do apuramento dos votos disse que (transcrevo): «O meu partido é a Madeira pelo que não contam comigo para outras fidelidades partidocráticas até por as facas que foram metidas nas costas do povo madeirense».
Prometeu ajudar a «ultrapassar as dificuldades», mas «sem quaisquer cedências no campo dos valores e dos princípios nem com concertações para a fotografia do politicamente correcto». E ainda: «Contem sim comigo para ajudar na mudança do sistema político que é um sistema inadequado à gravíssima situação que os portugueses sofrem, bem como para uma actuação contra o liberalismo capitalista em que está mergulhado o nosso país».

Salientou ainda que «face a este liberalismo selvagem vigente impõe-se o intervencionismo disciplinador do Estado nos meios financeiros a fim de imprescindivelmente alavancar a economia». E, finalmente afirmou: «Não aceitamos também o facto de o aparelho de Estado, para surpresa dos portugueses, se encontrar ainda nas mãos do poder socialista, nomeadamente nos ministérios das Finanças e da Justiça bem como a Rádio Difusão e a Rádio Televisão impropriamente chamadas portuguesas».

Jardim no seu melhor. De Ponta Delgada, Carlos César (que não se recandidatará a novo mandato), felicitou-o, o que estranhou alguns face às diatribes com o Senhor do Funchal o tem mimoseado. Em democracia, mas não naquela que o madeirense diz ser a sua, a atitude do Presidente açoriano é normal. Resta aguardar pelo que fará o Governo de Lisboa que pratica o liberalismo capitalista e selvagem que Jardim abomina e tentará eliminar. Naturalmente depois de lhe serem dados os milhões de euros de que a Madeira necessita como de pão para a boca. Que ele próprio pediu por escrito ao poder central. E que ele se gaba de ter gasto para a felicidade dos madeirenses.

Mas vincou ainda que não aceitará medidas «discricionárias contra os madeirenses e portossantenses» e que os sacrifícios e os benefícios terão «que ser iguais» para todos os portugueses. Mais: admitindo que os anos que se seguem «serão difíceis», avisou que as dificuldades serão ultrapassadas sem «cedências no campo dos valores e dos princípios.» E agora, Vítor Gaspar? E agora, Passos Coelho? E agora, Cavaco Silva? Com o aparelho do Estado ainda nas mãos do poder socialista, como descalçarão a bota? Ou antes, o par de botas…

4 comentários:

  1. Agora, amigo?
    Ou esperamos que o Jardim morra, ou que vá perdendo votos, a pouco e pouco. A 1ª hipótese, não é muito conveniente, porque morrerá em Glória e, ainda o santificam. A 2ª poderá levar mais tempo e dar tempo ao caruncho para roer a Madeira e, chegar ao continente que, já está com a saúde abalada. Quanto aos senhores que mencionas, lavam as mãozinhas. Não viste ontem o inefável Marcelo, todo contentinho? Até parecia que o Braga tinha ganho ao Porto.
    "Eles comem tudo e não deixam nada".
    Maria

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  2. FerreirAmigo,
    Insisto no que escrevi no meu blogue - só AJJ, ou a Natureza, poedrão remover AJJ do poder.
    Aquele abraço

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  3. Não sei, não. Tem que haver cortes e com cortes ele não sabe governar. Vai-se embora.

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  4. Vai ver que o governo da república lhe vai dar uma mãozinha extra. Vai uma apostinha?

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