sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Valha-nos a austeridade


Antunes Ferreira
A Standard & Poor’s desta vez não foi de modas: atirou a matar em todas as direcções na Europa e baixou o rating de muitos países, incluindo o de Portugal - que atirou para o lixo. Aliás, a Moody’s e a Fitch já o tinham feito também em relação ao nosso País. De fora ficaram muito poucos para não dizer apenas a Alemanha (que mantém o triplo A).

A agência apontou duas razões fundamentais para este cataclismo, e ambas são políticas. A primeira: o acordo conseguido na cimeira europeia de 9 de Dezembro «não produziu um avanço com dimensão e âmbito». A segunda: o processo de reforma «baseado unicamente no pilar da austeridade orçamental arrisca-se a tornar-se auto-liquidacionista». E com essa dinâmica pode disparar a «fadiga das reformas».

Pressuroso, o Governo (???) de Passos Coelho lamentou a decisão da Standard & Poor's de cortar o rating de Portugal de BBB- para BB, considerando-a «infundada». Num comunicado divulgado pelo gabinete do ministro das Finanças, o Governo afirmou que a decisão da agência correspondia «a uma quebra metodológica significativa», pois «parece ter substituído a sua análise individualizada por país por uma análise sistémica baseada na área do Euro, da qual decorrem avaliações que não reflectem adequadamente as realidades nacionais».

Se alguém conseguir explicar-me este arrazoado do ministro Gaspar ou, mais precisamente, do Executado, digo, Executivo que nos tenta executar, fico-lhe desde já muito grato. Um verdadeiro desaforo, um inaudito despautério. Os malandros da S&P permitem-se criticar a austeridade que, PC dixit, vai salvar Portugal. De quem?