quarta-feira, 12 de outubro de 2011


O OE e a taluda

Antunes Ferreira
O Orçamento para 2012 está realmente muito difícil de parir. Já o tinha dito Pedro Passos Coelho, secundado depois pela dupla mais perigosa: Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira. Recordo aqui as afirmações do nosso primeiro. «Será seguramente o orçamento mais difícil de fechar e o mais difícil de executar de que temos memória em Portugal» que ainda sublinhou que «todos os sacrifícios que vai envolver e todos os esforços só têm o propósito de cumprir» o acordo com a troika.

A este trio de ataque (que me perdoe a RTP) juntou-se agora o ministro Relvas, um verdadeiro anunciante do apocalipse, depois de reunião que teve com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses. «O sacrifício que vai ser pedido às autarquias é o mesmo sacrifício que será pedido ao Estado central e ao Estrado regional».

E acrescentou que o OE que vai ser aprovado amanhã, depois de uns quantos adiamentos e prolongadas reuniões do Conselho de Ministros: «é orçamento muito difícil de ser encerrado, de ser fechado, que está a ser difícil de ser construído, porque não queremos ter surpresas mais à frente». O eterno presidente da ANMP, Fernando Ruas, militante do PSD, singular coincidência, não levantou grandes objecções ao seu companheiro.

Deixem-me que aqui desabafe que, quando era chefe do Gabinete de Comunicação do Ministério das Finanças, tive oportunidade de assistir ao processo de elaboração orçamental por três vezes. Fi-lo a fim de tomar conhecimento do que se ia desenrolando para depois poder dar à Comunicação Social os resultados finais e as dificuldades havidas para a concretização do documento fundamental na previsão das receitas e despesas do Estado. Todos a querer muito, o Governo a não poder dar mais.

Daí que compreenda bem que a dificuldade anunciada é muito preocupante; é uma dificuldade muito… difícil. Difícil de fechar e de executar de que temos – ou mais precisamente o Executivo tem – memória em Portugal, de acordo com Passos Coelho.

É fatal como o destino: estamos feitos. Nesta altura, estamos mesmo muitíssimo feitíssimos. No momento de apertar o cinto, somos todos iguais? Não nos podemos esquecer de que há sempre uns mais iguais do que os outros. Amanhã, veremos. Benzamo-nos, se é que nos valerá de alguma coisa. A taluda só sai aos virtuosos; aos pecadores, nem a terminação.




4 comentários:

  1. O parto está mesmo difícil. Acho que só a ferros ou de cesariana. E está-me a parecer que, desta vez, não é um rato, o parido. Vai ser um monstro de sete(?) cabeças que, nos vai levar, não sei onde. Que terá ele dentro das cabeças? Acho que o mesmo que, qualquer dia, a maioria dos portugueses tem no estômago. Nada, ou M...
    Já não tenho esperança nenhuma nesta coisa, a que chamamos Pátria. A Natália é que tinha razão. Não devia ser Pátria e sim, Mátria. Ao menos dava leite.
    Abraço ( ainda não tem imposto?)
    Maria

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  2. Estamos "licsados"...Ou deixo de ouvir notícias sobre a "crise" ou fico "choné". Um dilema que tenho que resolver rapidamente antes que perca a hipótese de opção.
    Beijo meu

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  3. E o Amorim corticeiro e sus amigos de jornada, com quanto vão contribuir? E o Alberto João? E,...e? Isto de ser sempre os papalvos vai acabar mal, vai, vai...

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  4. Na fotografia, com aquela expressão, acho que ele está a parir o orçamento.
    Ou será algum transtorno intestinal?
    Aquele abraço

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